Burnout nos Profissionais de Saúde

O burnout emergiu de problemas sociais e não como um verdadeiro constructo em si mesmo. Começou primeiramente por ser identificado como um sintoma clínico e, a partir deste ponto, foram criadas linhas de compreensão teóricas.

Nos anos 70 nos Estados Unidos, começaram a aparecer os primeiros artigos científicos sobre o burnout, pela autoria do psiquiatra Freudenberger (anos de 1974 e 1975) e, posteriormente, pela psicóloga social Maslach em 1976. Nesta altura iniciaram-se as primeiras definições do fenómeno e foi-lhe atribuído o seu nome. Já nesta altura, vários teóricos aperceberam-se que o burnout seria até mais comum do que inicialmente se pensaria.

Freudenberger, observou um grupo de trabalhadores de uma fábrica num dos estudos que durou cerca de um ano. Ao longo desse ano, os trabalhadores apresentavam alterações emocionais, diminuiam a sua motivação e o seu comprometimento com a tarefa pela qual estavam responsáveis por executar. Um dos aspectos que chamou maior atenção a Freudenberger, foi o facto de observar que os trabalhadores manifestavam um estado de exaustão mental.

Na altura, Freudenberger, achou que a palavra burnout seria a que melhor descreveria o estado em que estes trabalhadores se encontravam. Nesta fase da história, a palavra burnout também era usada para descrever uma pessoa que apresentassesintomas graves de grande dependência com drogas, que na atualidade chamaríamos de “estar de ressaca”.

Maslach também realizou alguns estudos sobre o fenómeno do burnout, centralizando as suas atenções para as estratégias cognitivas utilizadas pelos trabalhadores. Em particular, para a despreocupação e desumanização como estratégia de auto-defesa. Mais tarde, compreendeu que estas eram situações que afetavam diretamente a identidade e comportamento de cada trabalhador. Maslach apercebeu-se ainda ao conversar com os trabalhstressadores, que a grande maioria descrevia o seu sentir como “burnout” (em tradução: burn = arder; sentimento de “queimar a máquina”). A mera palavra “burnout” passou a assumir a forma de um conceito/termo para definir o estado de colapso físico e/ou mental causado por excesso de trabalho ou stress.
Em 1980, Cherniss afirma que a nova tendência social e económica das comunidades e da sociedade moderna, é uma das razões pelas quais se passou a identificar com maior clareza o burnout. Uma das confirmações desse aspeto foi mais evidente após a segunda guerra mundial. A partir dos anos 80, o burnout passou a ser estudado de forma mais empírica, o que veio permitir o desenvolvimento de diversas teorias à sua volta. Um dos pontos bastante discutidos foi o facto de o burnout poder ser facilmente confundido com os sintomas depressivos e, por isso, mal identificado junto da comunidade clínica.

 

Burnout nos profissionais de Saúde:

Nos estudos de Maslach e Jackson em 1981, estes definiam claramente o burnout em 3 grandes esferas, a exaustão emocional, a despersonalização e a baixa realização profissional. A exaustão emocional refere-se ao sentimento de falta de energia, entusiasmo e esgotamentos dos recusos psicológicos e emocionais para lidar com problemas ou conflitos laborais. Os profissionais não conseguem atender os seus clientes com a clareza que faziam antes, não conseguem definir prioridades nas tarefas ou apresentam dificuldade em manter um equilíbrio emocional adequado no seu contexto de trabalho. A despersonalização refere-se ao modo como o profissional passa a tratar o outro, entenda-se o outro como o colega, o cliente ou a própria empresa/entidade ao qual está filiado. Este outro passa a assumir o lugar de um objeto, desprovido de sentimentos ou características e por isso tratado com insensibilidade. No que respeita à baixa realização, o profissional autoavalia-se constantemente de forma negativa. Existe um sentimento de fracasso e incapacidade elevado, em que o profissional se sente infeliz com as suas capacidades e respetivo desenvolvimento profissional.

Vários estudos têm vindo a ser desenvolvidos desde 2001, sobre como o burnout afeta gravemente os profissionais de saúde que actuam no setor da urgência.
Vejamos como:

Os profissionais que trabalham na área da saúde (médicos, enfermeiros, auxiliares), estão forçosamente expostos a situações limite, que envolvem um conjunto de decisões que necessitam ser tomadas no imediato, causando um elevado nível de stress e pressão. Estão também por isso obrigados a possuir um controlo emocional e mental bastante maior e por períodos mais longos de tempo, do que qualquer outro profissional.
Estes profissionais estão naturalmente expostos a uma maior tendência para apresentarem sentimentos de desesperança, desiluão, atitudes negativas em relação ao trabalho e aos colegas, bem como carência de entusiasmo na prática da profissão.

Segundo Rodriguez-Marin (1995), o sindrome do burnout é o culminar de um conjunto sistemático de tentativas, erros e frustrações que se vão acomodando ao longo do tempo e que transformam o fracasso numa consequência psicológica grave. Lidar com a morte, lidar com familiares de feridos graves ou em fase terminal, socorrer uma criança à beira da morte, são pequenos exemplos de situações limite que após várias desiluções são facilmente transformados no sindrome do burnout.

Entre 2001 e 2003 foram realizados diversos estudos que pretendiam avaliar os níveis de burnout em profissionais que atuassem nas urgências hospitalares (quer moveis ou fixas). Estes estudos permitiram concluir que pelo menos um terço da população é afectada directamente pelo burnout, apresentando as três esferas do burnout: exaustão emocional, despersonalização e a baixa realização profissional.

Alguns Sinais e Sintomas no Burnout:
- Cansaço
- Alteração do sono
- Alterações na concentração e/ou perca de memória
- Baixo entusiasmo e prazer nas tarefas
- Alterações intestinais
- Alterações alimentares
- Diminuição do prazer nas tarefas
- Diminuição dos tempos de lazer e aumento dos tempos laborais
- Dores de cabeça, dores musculares sem razão aparente
- Diminuição da líbido
- Alterações no apetite sexual
- Perturbações psicossomáticas
- Ataques de ansiedade e de pânico
- Depressão

Como Prevenir e actuar no Burnout?

Uma das questões levantadas está relacionada com a prevenção da síndrome de burnout e o modo como se deve lidar com a problemática.

A prevenção passa sobretudo por mudar alguns hábitos e rotinas, principalmente no que toca os tempos de descanço. Introduzir tarefas que são prazerozas entre os tempos laborais, é uma boa forma de “carregar” bateria e gerir energias. Manter uma organização saudável das tarefas pessoais e profissioanis, realizando alguns planemantos diários, ajuda na gestão das rotinas e na diminuição do stress.

Por outro lado, quando não se trata de prevenir mas de atuar na síndrome, deve-se ponderar a ajuda de um profissional dentro das áreas médicas, sociais e humanas como um psicólogo ou psiquiatra que possa ajudar na gestão emocional da situação. Por vezes é também essencial a introdução de alguns fármacos para que o organismo consiga dar uma resposta numa fase inicial do tratamento.

Bibliografia:

  • Cornelius, A. & Carlotto, M. (sd). Sindrome de Burnout em Profissionais de Atendimetno de Urgência. Brasil.
  • Maslach, C. & Schaufeli, W. (1985). Historical And Conceptual Development of Burnout. London.
  • Rodriguez-Marín, J. (1995). Psicologia Social de la Salud. Madrid. Sínteses.
  • Tratamento da Sindrome de Burnout, retirado através da página de internet http://mentalhelp.com em 14 de Junho de 2014.
  • Poncet, M., Toullic, P., Papazian, L. et al. (2006). Burnout Syndrome in Critical Care Nursing Staff. Paris: ATSJournals

 

 

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