O Que É o Amor? – Olhar da Psicologia

Apenas no século XX se deram os primeiros estudos sobre o fenómeno do amor, numa vertente psicológica. No entanto, desde então que se tem vindo a formar novas teorias sobre o que é o amor, como surge e que processos psicológicos e emocionais estão envolvidos nesta complexa rede entre a razão e o coração. Mais especificamente, tem se investido na compreensão dos fatores de satisfação e insatisfação no relacionamento entre dois indivíduos e consequentemente, quais os fatores que influênciam diretamente essa relação.

LoveA partir do século XXI os Estados Unidos tiveram uma evolução significativa nesta matéria, realizando inúmeras pesquisas. Porém e, respeitante ao olhar da psicologa, continuam a permanecer inconsistências teóricas.
Segundo Sternberg (1997) as primeiras grandes teorias no campo da psicologia que explicam o que é o amor, assentam numa perspetiva psicanalítiva e humanista, falamos de Sigmund Freud, Theodor Reik e de Abraham H. Maslow.

De acordo com Freud (1922/1996), o amor só pode ocorrer depois da existência da construção do ideal ego do individuo, isto é, apenas após se ter contato com o outro e haja transmissão de energia libidinal é possível surgir o amor. Tendo esta ideia como base de sustentação da construção do processo do amor, Freud descreve que o amor é escolhido pela observação que o individuo faz e sobre aquilo que lhe falta nele próprio.

Reik em 1944, propõe um olhar diferente de Freud, baseando-se na função do amor e do desejo como forças que existem, mas acreditando que o amor é uma motivação apaixonada pela personalidade do outro, enquanto o desejo, ao contrário da ideia de Freud, é visto como o interesse pela matéria física, pelo corpo do outro.

Na visão de Maslow (1962), o amor pode ser de dois tipos: o D-love e o B-love. O D-love corresponde ao modelo de amor definido por AmorFreud, em que a relação de amor se carateriza pela complementariedade entre um individuo com o outro. Contrariamente, o B-love, descreve o processo de amar o outro por aquilo que ele é de verdade e não por aquilo que ele é capaz de preenchr no indivíduo.

Após estas teorias, outras foram surgindo com o intuito de desmistificar a diferença entre o amor e o gostar. Em 1970, Rubin carateriza o amor como uma atitude que se tem para com outra pessoa, tendo por base o sentir, o pensar e o comportar-se para com ela. A ideia de Rubin veio em certa parte, revolucionar o olhar critico sobre o fenómeno do amor, proporcionando outras investigações que se acabaram por debruçar sobre A Teoria dos Estilos do Amor.

A Teoria dos Estilos do Amor, é construída com base na permissa de que o amor não é único e que este pode ocorrer de diversos estilos diferentes, tendo em conta a diversidade humana das relações. Para esta investigação Lee em 1988, realizou um conjunto de entrevistas com individuos heterosexuais e homosexuais que vieram posteriormente dar razão à Teoria dos Estilos. Lee identificou os Estilos do Amor como existindo um conjunto de estilos primários que, depois de misturados originam novos estilos do amor. Assim sendo, segundo Lee os três estilos primários do amor seriam Eros, Ludus e Storge. Eros, ligado à componente fisica, a atração inevitável pelo corpo do outro, ligado à impulsividade rápida e intensa da relação. Ludus, carateriza o estilo de amor desapegado e sem compromisso, bem como a visão de multiplos amores (parceiros) ao mesmo tempo. Storge ligado à vertente da amizade, o amor surge após o conhecimento do outro de forma integra antes de qualquer contato de caríz sexual. A relação é primeiro que tudo, sentida como uma amizade especial. Em Storge a esfera emocional está em primeiro plano.

amorA partir dos três Estilos do Amor definidos por Lee emergem outros novos estilos, numa complexidade de relações humanas. Após esta Teoria, muitos foram os autores que tentaram testa-la através de multiplas investigações. Alguns investigadores chegaram mesmo a considerar seis grandes Estilos de Amor baseados na Teoria dos Estilos de Lee, apesar da discrepância entre a variabilidade das escalas utilizadas e a variedade dos individuos, por exemplo no caso de individuos casados e solteiros. Na verdade, as escalas utilizadas a partir da ideia base de Lee revela pouca consistência cientifica, embora continuando a ser merecedora de atenção e de melhorias por parte de outros autores.

Na verdade, o que é o amor? Muitos autores descrevem-no tendo em conta a atitude que se tem para com o outro. Outros descrevem o amor, como algo que faz parte de si, por exemplo o amor a um filho. Uns definem o amor como uma forma simples de gostar, outros que o caraterizem como a versão apaixonada de uma amizade que se constrói ao longo do tempo. Mas quem nos ensinou a amar? Será que o amor existe em nós mesmo e que faz parte de um dos nossos cromossomas? Talvez por isso se desenvolva de forma tão diferente de individuo para individuo.

A complexidade do fenómeno do amor, continua a emergir no presente com base em estudos que tentam melhorar a sua compreensão qualitativa e metodológica das investigações. As últimas pesquisas conhecidas datam de 2007 e acrescentam a componente da socialização, da cultura, das crenças e dos valores como variante do processo do amor, contudo as suas conclusões continuam a não ser claras o suficiente.

Bibliografia:

  • Lee, A. (1988). Love-Styles In R. J. Sternberg & M. L. Barnes (eds). The Psychology of Love (pp.38-67). New York: Yale University.
  • Martins-Silva, P., Trindade, Z. & Junior, A. (2013). Teorias Sobre o Amor no Campo da Psicologia Social. Psicologia: Ciência e Profissão, 33, 16-31.
  • Neto, F. (2007). Love Styles: A Cross-cultural study of British, Indian and Portuguese College Students. Journal of Comparative Family Studies, 38, 239-254.
  • Reis, B. (1992). O Amor À Luz da Psicologia Científica. Psicologia: Reflexão & Crítica, 5, 23-40.

 

A Psicóloga
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