‘O ensino que atualmente temos não prepara os enfermeiros para o novo paradigma: o exercício liberal da profissão’ salienta Lúcia Leite, Candidata a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros
Ciente do caminho que a Enfermagem em Portugal deverá tomar, Lúcia Leite atual vice-presidente do Conselho Diretivo da Ordem dos Enfermeiros e candidata a Bastonária daquela Ordem profissional, defende que é prioritário adequar o ensino da Enfermagem às exigências da profissão e ao contexto nacional.
A candidata participou num frente-a-frente, que contou com a presença de mais quatro candidatos, e que decorreu na Universidade Católica Portuguesa, Porto – Campus Foz, no âmbito do encontro ‘E3 - Os Enfermeiros e o Ensino de Enfermagem’. Para Lúcia Leite ‘É fundamental que os percursos académicos e profissionais sejam independentes entre si, embora com possibilidade de reconhecimento, para se dar o salto na valorização social da profissão. É de salientar que, nos últimos 25 anos em Portugal, a Enfermagem, como disciplina e profissão, teve um desenvolvimento exponencial. Contudo, o aumento de responsabilidades atribuídas aos enfermeiros e das exigências dos contextos de exercício não foram acompanhadas pelos necessários ajustamentos do ensino’.
Para a candidata a mudança do ensino de enfermagem para o Sistema Superior Universitário é imperiosa por força do enquadramento legal da profissão. ‘O ensino que atualmente temos não prepara os enfermeiros para o exercício liberal, principio que esteve na base da criação da Ordem dos Enfermeiros. A sociedade tem que saber que respostas às necessidades de saúde pode esperar dos enfermeiros e os enfermeiros têm que ser capazes de mostrar ao cidadão os ganhos que podem obter com os cuidados de enfermagem. E se não refletirmos esta temática em profundidade a profissão pode perder muito daquilo que ganhou em anos de luta’ salientou Lúcia Leite.
Neste frente-a-frente, Lúcia Leite afirmou com coragem e convicção que ‘não é altura ideal para debater a reforma do ensino de enfermagem. Em campanha todos vendemos sonhos, ideais! Temos que discutir esta matéria como Enfermeiros, sem defendermos interesses particulares, ou não chegaremos ao melhor para a profissão’.
Lúcia Leite defende ainda uma formação académica de qualidade e a acreditação de idoneidade formativa. ‘Temos atualmente 42 instituições que formam licenciados em Enfermagem, algumas em condições duvidosas, contudo a Ordem não tem nenhum instrumento que lhe permita fechar os cursos que não respeitem o enquadramento conceptual e deontológico da profissão, nem tem como verificar se o licenciado em enfermagem adquiriu efetivamente as competências regulamentadas para o exercício profissional de enfermeiro’ salientou a candidata.
Lúcia Leite considera que não é pela criação de um ranking que vamos fazer a diferença, mas é necessário avaliar escolas, avaliar docentes e acima de tudo a Ordem tem definir os requisitos gerais a que todos os cursos estejam obrigados. Como intervenção prioritária a Ordem deve exigir que o último Ensino Clínico da licenciatura seja realizado em contexto acreditado e com supervisores clínicos certificados pela Ordem.
O título de enfermeiro é atribuído administrativamente tendo por base um diploma de qualquer curso homologado pelo Ministério da Educação e Ciência, sem que a Ordem detenha qualquer poder para avaliar a qualidade do mesmo ou inviabilizar o seu funcionamento. A acreditação da Idoneidade formativa dos contextos de prática clinica é uma aspiração da Ordem há algum tempo e que tem sobretudo como objetivo assegurar condições para a realização do Exercício Profissional Tutelado (EPT) de acesso à profissão, assente numa estratégia de melhoria contínua da qualidade e desenvolvimento da enfermagem, usando dispositivos de apoio técnico e de auditoria. Não sendo possível utilizar esta estratégia para o (EPT) tem que ser, pela sua importância que tem para a profissão, reorientada para outros objetivos, como por exemplo os estágios dos alunos da licenciatura e das especialidades em enfermagem.
UMA CANDIDATURA QUE RECONHECE QUE OS ENFERMEIROS SABEM O QUE QUEREM, SABEM O QUE PRECISAM!
Foi a pensar nos Enfermeiros, na Enfermagem e na Ordem dos Enfermeiros que Lúcia Leite, atual vice-presidente do Conselho Diretivo da Ordem dos Enfermeiros se candidata a Bastonária daquela Ordem profissional, encabeçando a lista A, ENFERMEIROS COM + VALOR. A marca de um movimento que definiu uma estratégia concreta e que aponta caminhos para uma maior valorização de uma profissão que é a base de qualquer sistema de saúde – a Enfermagem. Uma candidatura que reconhece que os enfermeiros sabem o que querem, sabem o que precisam!
Os enfermeiros, apesar das grandes adversidades que vivenciam diariamente, continuam a defender os melhores interesses das pessoas que cuidam, a sacrificar a sua vida familiar para assegurar os serviços e para desenvolver as suas competências. São o sucesso das equipas de saúde e acima de tudo estão onde têm de estar, abdicando de direitos que se deixam sobrepor pelo sentido de dever.
LÚCIA LEITE ESTEVE À FRENTE DA ELABORAÇÃO DE IMPORTANTES DOSSIERS SOBRE A ENFERMAGEM EM PORTUGAL
Lúcia Leite é uma enfermeira com mais de 30 anos de experiência clínica e que, além da prática, esteve à frente da elaboração de importantes dossiers sobre a Enfermagem em Portugal. É por isso conhecedora dos problemas atuais da profissão e da falta de condições para o exercício. Lúcia Leite quer por o ‘dedo na ferida’ e contribuir para um salto qualitativo no destino da Enfermagem em Portugal esclarecendo questões fulcrais.
Cátia Silva
Cursos de Francês (Nível)
Datador
Enfermeiros Chefe para Nursing Homes no Reino Unido - Inglaterra